Por Redação – Blog Destaque PE
Publicado em 02 de agosto de 2025
Apesar do discurso oficial de incentivo ao empreendedorismo, o cenário para quem decide abrir ou manter um negócio no Brasil em 2025 continua marcado por incertezas, burocracia e insegurança. Para muitos empreendedores, criar ou manter uma empresa no país tornou-se um verdadeiro ato de resistência frente aos obstáculos impostos pela política econômica adotada pelo governo federal.
Embora alguns setores apontem para avanços pontuais, a realidade enfrentada no dia a dia por pequenos empresários, MEIs e startups é de apreensão constante diante de um cenário fiscal instável, medidas contraditórias e falta de previsibilidade.
Crescimento sob pressão
Dados do Sebrae revelam que o Brasil atingiu a marca de 24 milhões de pequenos negócios ativos, mas o crescimento é impulsionado, em boa parte, por empreendedores por necessidade — pessoas que encontraram no próprio negócio a única alternativa diante do alto desemprego ou da precarização das relações formais de trabalho.
A economista Cláudia Batista, da Fundação Brasileira de Desenvolvimento, afirma que “o ambiente de negócios no Brasil continua hostil, com aumento de tributos indiretos, cortes em incentivos a pequenos empreendedores e uma política fiscal que muda ao sabor da crise política.” Segundo ela, a falta de diálogo com o setor produtivo tem afastado investidores e dificultado o planejamento de longo prazo.
Setores promissores travados pela burocracia
Mesmo setores com alto potencial, como tecnologia, sustentabilidade e serviços digitais, têm esbarrado em entraves estruturais. Startups que buscam escalar negócios enfrentam dificuldades para acessar linhas de crédito. Muitos editais de fomento foram suspensos ou tiveram recursos contingenciados, em especial nos ministérios ligados à inovação e indústria.
A startup pernambucana GreenNorte, especializada em soluções de energia solar para comunidades rurais, teve que suspender parte de seus projetos por falta de apoio. “O governo fala em transição energética, mas corta verbas que seriam fundamentais para interiorizar nossas ações. Fica inviável crescer desse jeito”, relata o sócio-fundador, Vinícius Andrade.
Crédito difícil e juros altos
As micro e pequenas empresas também sofrem com a restrição ao crédito. Com a taxa básica de juros (Selic) ainda elevada e a instabilidade da política fiscal, instituições financeiras impõem condições rigorosas, tornando o acesso a capital quase impossível para quem está começando.
A fintech CriaFácil, que atua no microcrédito para empreendedores periféricos, aponta que 63% das solicitações de crédito em 2025 foram negadas por critérios de risco agravados pela falta de garantias e instabilidade econômica.
Empreendedores no escuro
Outro fator que contribui para o desalento dos empreendedores é a ausência de políticas públicas claras e contínuas. Medidas anunciadas pelo governo federal, como o Programa Nacional de Apoio ao Empreendedor Popular, seguem no papel ou são de difícil acesso.
Para Lucas Ferreira, fundador de uma rede de coworkings no Nordeste, o problema vai além da falta de incentivo: “O empreendedor hoje está no escuro. Não há planejamento, não há previsibilidade. A cada semana surge uma nova regra ou medida provisória que afeta diretamente nosso caixa.”
Oportunidade, mas com ressalvas
Apesar do ambiente desfavorável, há empreendedores inovando e se destacando — principalmente aqueles que atuam em nichos digitais, alimentação saudável, serviços personalizados e educação online. No entanto, especialistas alertam: sem estabilidade econômica e sem uma política pública coerente, o Brasil corre o risco de perder uma geração de empreendedores criativos e dispostos a transformar a realidade.
Conclusão
O Brasil de 2025 segue com enorme potencial empreendedor, mas está sendo minado por uma política econômica errática, marcada por instabilidade fiscal, retração de investimentos e excesso de burocracia. Empreender por aqui continua sendo uma escolha ousada — ou, para muitos, a única opção de sobrevivência.
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